Norival de Freitas nasceu em Niterói, em 29 de junho de 1883, e faleceu em 22 de fevereiro de 1969. Formou-se em Direito, em 1907, viajando em seguida para a Europa, onde levantou e recolheu importantes documentos históricos, entre eles, a planta que fixa o local exato da fundação do Rio de Janeiro, descoberta na Biblioteca do Palácio da Ajuda, Lisboa. Tais documentos foram doados ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB, fato que lhe rendeu o título de membro daquela instituição. A viagem foi financiada pelo Barão do Rio Branco, que chefiada na época o Instituto.
Ao voltar para a política, foi detentor de grande prestígio, elegendo-se, várias vezes, deputado federal e vereador da Câmara Municipal de Niterói, durante a década de 1920 e 30. A Casa foi ponto de encontro da alta sociedade niteroiense e palco de importantes reuniões políticas, das quais participaram, entre outros, o Presidente Artur Bernardes, o Ministro do Trabalho, Júlio Barata, Amaral Peixoto e até o Embaixador Batista Luzardo, de diretrizes políticas contrárias às de Norival. Sua força política era tão grande nesse péríodo, que, no entorno de Norival de Freitas, formou-se uma nova corrente ideológica no estado: os “norivalistas”.
Após o falecimento do casal, Norival, em 1969, e Noelina, em 1976, a família ofereceu o imóvel à venda. O então Prefeito Moreira Franco a desapropriou por Cr$ 8 milhões, por meio do Decreto nº 3.197/79.
Abandonado desde então, em 1982 o prefeito interino Armando Barcelos cedeu por 99 anos o imóvel em comodato para a União dos Vereadores do Estado, que iniciou uma reforma promovendo uma dramática descaracterização na histórica decoração.
Ao ceder o prédio à UVERJ, a prefeitura justificou a ação como uma homenagem a toda a classe política fluminense, que teve na casa o seu ponto de encontro e tem no grande político um exemplo a seguir. A medida revoltou muitos intelectuais da cidade, como o imortal José Cândido de Carvalho.
Todo o interior da Casa estava sendo modificado. Na parte dos fundos, foi construído um anexo, à base de tijolo lajota e laje pré-moldada. O reboco trabalhado à mão, com gravuras diversas, foi sendo descascado para dar lugar a uma massa composta de cal. Nem mesmo os azulejos do compartimento ao pé da escada (uma espécie de copa) já estavam sendo retirados. Nos banheiros, a antiga louça seria substituída por aparelhos da moda. O descaso era tanto que quando a obra de “restauração” estivesse terminada, nada restaria a não ser a fachada do prédio para caracterizar seu valor artístico. No entanto, grupos contrários à destinação imposta pelo executivo se mobilizaram por sua preservação.
De fato, no início de 1983, o recém eleito prefeito Waldenir de Bragança anulou a cessão e interrompeu as obras na Casa, mas em outra polêmica decisão, a cedeu por 10 anos ao governo do estado, mesmo sem ter uma destinação prevista. Novas mobilizações e a prefeitura voltou atrás na cessão. Em junho do mesmo ano, o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural – INEPAC – através do processo E-03/13.574/80, de 20 de junho, enfim promoveu seu tombamento provisório. No período, o diretor do Inepac era Ítalo Campofiorito, que na década seguinte foi Secretário de Cultura de Niterói e Diretor Geral do Museu de Arte Contemporânea (MAC).
Com a intenção de instalar no Solar, a sede da Fundação de Atividades Culturais (FAC) e uma Cinemateca, o governo municipal iniciou uma nova reforma, mas, em novembro, o sobrado acabou parcialmente destruído por um incêndio, que afetou a cobertura assim como parte do piso do pavimento superior. Em 1985, a Associação Brasileira da Terceira Idade solicitou autorização para reformar a casa e transformá-la em abrigo.
Num mutirão de abnegados servidores da Funiarte, capitaneados por Marcos Tadeu Peçanha, em 1988, a Prefeitura realizou obras de consolidação estrutural e uma reforma parcial no primeiro andar. Por alguns anos, o Solar foi usado como Centro Cultural – uma biblioteca e Salão de exposições -, tendo como diretores Maria da Conceição Pires de Mello, a poetisa Manita, e César Araújo.
As obras realizadas em 1993 e 1995 deram sobrevida estrutural ao prédio, que, segundo o secretário de Cultura, Ítalo Campofiorito, abrigaria, ainda, a sede da Secretaria. Entretanto, naquele período, a prioridade estava sobre a reforma do Theatro Municipal e a construção do Museu de Arte Contemporânea. O sonho foi mais uma vez adiado.
Em 2006, a administração do imóvel foi transferida da Secretaria Municipal de Cultura para a de Educação, que faria os investimentos necessários e a transformaria em uma biblioteca pública. O projeto, porém, não foi à frente, devido aos elevados custos de restauração, até 2022, quando a Secretaria de Ações Estratégicas assumiu o projeto finalmente dando início às obras de restauração do casarão.